quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Desafio divertido - Atividade de produção


Que tal um desafio divertido?

1º PASSO:
Assista ao vídeo e nos COMENTÁRIOS  dê um final diferente à história "Fábrica de vassouras". Será que você consegue?








2º PASSO
Agora veja a versão original da história...




E aí gostaram? Esta é uma sugestão de atividade que você pedagogo, pode fazer com os seus alunos em sala de aula. Não precisa ser com um vídeo, basta você inicar uma história e pedir que eles continuem e dê um final que lhe agrada. Tenho certeza que saírão deles ótimas e diferentes versões para uma mesma história. 


P.s.: Esta atividade pode ser desenvolvida tanto com alunos do Ensino Fundamental como com os da Pré-escola, por que a produção pode ser escrita, mas também oral, o que irá mudar é a história e o grau de dificuldade delas.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Resumo do livro "Como um romance" de Daniel Pennac (ÓTIMA DICA DE LEITURA!)








Resumo do Livro 
Por Daiane Matos
O livro como romance é um livro encantador que relata o romance do leitor com o livro, desde a infância até a fase adulta. Passeia desde a fase de prazer pela leitura até a aversão total aos livros, que acontece em alguns casos. Mas Daniel Pennac traz uma concepção diferente a respeito deste ultimo fato, ele não atribui a culpa nem ao leitor, muito menos ao livro pala falta de gosto pela leitura, mas às cobranças que são impostas aos adolescentes, pela obrigatoriedade de ler.
No início do livro Pennac fala da fase da infância, onde as crianças se apaixonam pelos livros, do gosto de ouvir a leitura de um livro e da fantasia que o desperta a imaginar e adentrar em um mundo novo, cheios de fadas, rainhas, reis duendes, por alguns instantes. O autor chama a atenção dos pais para a importância do exercício da leitura para as crianças, e relata de forma poética cenas propícias onde estes instantes podem acontecer, sem cobranças, sem perguntas às crianças, ler gratuitamente, puramente um ato de doação. Sobre isso o autor afirma; “que pedagogos éramos quando não tínhamos a preocupação da pedagogia!” (1993, p.21). Os professores, segundo Daniel Pennac, se preocupam com os resultados, com o que houve de aprendizagem e quando pressionam a criança a mostrar os tais resultados, destrói o brilho que a leitura causa quando é feita de forma gratuita. 

Em seguida ele relata a entrada das crianças na escola e conta com pesar a aversão que a escola causa nos alunos para com o livro. “ A vitalidade não esteve jamais inscrita no programa das escolas. A função é que está lá. A vida está em outro lugar. Ler é algo que se aprende na escola. Gostar de ler...” (1993, p.79).
  Quando as escolas cobram relatórios, escolhem os livros para serem lidos, não respeitam o tempo do aluno, fazem provas de sondagem etc. provocam um distanciamento entre o leitor e o livro. Depois todos culpam a televisão por roubar a atenção dos alunos. Impossível a TV não ganhar adeptos. Além de ela dar tudo “esmiuçadinho” para os telespectadores (por que não é preciso imaginar ao assisti-la, ela faz isso por nós), ela não cobra nada, “oferece de graça”, todos os programas fantásticos e muito bem produzidos, assistimos e nos calamos e se contarmos para alguém o que vimos, é por que fizemos por querer, ninguém nos obrigou, não precisamos ser aprovados ou reprovados quando a assistimos. Dessa forma o livro perde feio, mas não por que não possa competir com a televisão, pelo contrário, ele é mais misterioso e fantástico, mas pelo fato de sua leitura se apresentar de forma obrigatória a nós, muitas vezes é deixado de lado.
Mas nem tudo esta perdido, Pennac diz que é possível uma reconciliação do leitor com o livro e para provar essencialmente isso foi que escreveu Como um romance.  Ele afirma que a escola pode recuperar este amor pelos livros, mas que para isso é preciso entender que “o verbo ler não suporta o imperativo”. Não funciona obrigar o aluno a ler um livro, ele fará qualquer outra coisa menos ler, restará a este aluno “traficar” fichas de leituras com outros colegas; e mesmo que ele leia pelo dever de ler, não fará com satisfação, não recordará com alegria, será para ele um triste sacrifício. Assim como não funciona inculcar no aluno que é “preciso ler”, dando desculpas como: “é preciso ler para se dar bem nos estudos”, “é preciso ler para desenvolver o senso crítico” etc. Crianças e adolescentes não se preocupam com o futuro, sinceramente, eles são imediatistas, fazem as coisas por que são divertidas, por que gostam, sem pensar nas consequências futuras. Então o que fazer para promover o gosto pela leitura?
Segundo Pennac a escola precisa entender que “dar a ler” é diferente de preferir. Os alunos desenvolvem o gosto pela leitura, lendo o que preferem, então não adianta, segundo ele, ditar livros e títulos para que os alunos leiam; eles precisam fazer de forma espontânea. O autor afirma ainda que outro passo para promover a reconciliação do aluno com o livro é deixando de lado as cobranças - perguntas posteriores à leitura para sondar o aluno e comprovar a aprendizagem. Ele traz à tona um termo chamado “gratuidade” que é quando o aluno tece comentários sobre o livro que leu sem que ninguém lhe peça. Em seu livro Pennac afirma que o leitor tem o direito de calar-se após a leitura de um livro e só falar do livro se assim o escolher, e geralmente o faz sem precisar que lhe imponham esta função.
Além destas dicas que o autor deu na primeira parte do livro, ele ainda reforça a idéia de que leitor não tem dever, mas direitos (na segunda parte do livro), e todos eles devem ser respeitados se o professor deseja achar o amor perdido aos livros escondido dentro de cada aluno. Para que o aluno tome gosto pelos livros e leia de forma satisfatória, é preciso entender antes de tudo que este tem o direito de não ler, mas se ainda assim o fizer, ótimo, entram em ação os outros nove direitos fundamentais do leitor:  O direito de pular páginas; o direito de não terminar um livro; o direito de reler; o direito de ler qualquer coisa; o direito ao bovarismo (doença textualmente transmissível); o direito de ler em qualquer lugar; o direito de ler uma frase aqui, outra ali; o direito de ler em voz alta e finalmente o direito de calar.

Ao ler este livro nos encontramos em vários momentos citados nele.  Quantas vezes não utilizamos destes direitos, sem nos darmos conta de que eram direitos, e nunca contamos a ninguém? Por que afinal de contas ler é uma quase que uma cerimonia cívica. Mas já fizemos tudo isso, pulamos paginas, lemos em qualquer lugar, no salão, no banheiro, no quarto, num fim de semana chato quando saímos para passear, mas não saiu como queríamos e nos refugiamos num livro. Relemos algum outro que nos emocionou, ou que foi bom demais. Escolhemos vários livros, os que gostamos, os que não gostamos e nunca terminamos, enfim... Mas que depois que nos tornamos adultos, ou professores, insistimos em fazer descer goela a baixo das crianças e adolescentes certos livros com a desculpa de que “é preciso ler”. 

Precisamos compreender, nós pedagogos e professores, que ler é algo particular e cada leitura é única. Quando todos os direitos dos leitores forem assistidos, eles alçarão voo nas leituras, transitarão de uma leitura mais simples até uma mais complexa sem precisar exigir deles, por que a leitura também é uma evolução. O autor termina o livro com uma frase que destaca a sua experiência particular com o ato da leitura e nos ensina muito, então finalizamos este texto com a citação dele em seu livro Como um romance:
Os raros adultos que me deram a ler se retraíram diante da grandeza dos livros e me pouparam de perguntas sobre o que eu tinha entendido deles. A esses, claro, eu costumava falar das minhas leituras. Vivos, mortos, ofereço a eles essas páginas. (PENNAC, 1993, p.167)

 
       Como um romance é um livro encantador e desafiador para nós pedagogos, depois desta leitura, com certeza, veremos os livros e a leitura com um olhar diferente.



Referência Bibliográfica:
PENNAC, Daniel. Tradução de WERNECK, Leny. Como um romance. Rocco: Rio de Janeiro, 1993.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Oficina: Brincando de Tabuada



Uma vilã Chamada Matemática

 Daiane Matos

Ensinar matemática de forma satisfatória, que alcance a todos, sempre foi um desafio para os professores em todas as épocas, e as operações de multiplicação e divisão apresentam um impasse para o aprendizado das crianças até os dias de hoje. 
Prova disso, é que os alunos têm resistência à popularmente chamada “Tabuada de vezes” e este fato é resquício de um ensino tradicional e arcaico da multiplicação nas escolas, onde os alunos se veem obrigados a decorar as operações e saber operacionalizá-las a qualquer custo.
            A repulsa por esta disciplina denuncia um pedido aflito, dos alunos, por aulas mais atrativas, menos carregadas de cobranças, mais divertidas, bem como suas brincadeiras e jogos de todos os dias com os amigos. Afinal, Matémática é coisa séria, mas a brincadeira também é.  
            Diante disso, percebe-se a necessidade de se trabalhar a matemática de forma lúdica, utilizando de brincadeiras e jogos para estimular a aprendizagem dos alunos. Primeiro por que é preciso desmistificar a idéia de "terror" associada à disciplina, resquício de uma educação tradicional que usa a matématica para punir e reprovar os "fracos" (os que não se desenpenham bem na disciplina), promover e recompensar os "bons" (os que têm melhor aproveitamento na disciplina). 
            Depois, por que é necessário que a criança seja o sujeito da sua própria aprendizagem, e mais, que esteja em contato com outras experiências para explorar toda a forma de conhecimento possível. O que durante anos foi impedido de as crianças fazerem nas escolas, pois o professor era o centro do processo educativo e ele transmitia os conhecimentos, cabendo ao aluno somente a repetição. Quando a criança brinca, ela cria suas próprias hipóteses, utiliza seu corpo inteiro para solucionar problemas. Sem contar que a brincadeira dá prazer e faz parte do cotidiano das crianças, instiga a tentar sempre e nunca desistir.

    
 Proposta de uma oficina

Durante as aulas da Disciplina Metodologia do Ensino de Matemática na Universidade em que sou graduanda do curso de pedagogia, discutimos muito a respeito da dificuldade  que os alunos têm em aprender matemática por conta da metodologia ainda empregada nas escolas por parte dos professores. Foi então, que o professor Marcelo nos propôs um trabalho para desenvolvermos com alunos de 3 à 9 anos, que trouxesse uma proposta lúdica de trabalhar os assuntos de matémática.


Nasce a oficina:
BRINCANDO DE TABUADA

A oficina tem por objetivo desmistificar a ideia de memorização aliada a tabuada, pretendendo demonstrar através de atividades envolventes e lúdicas que para aprender tabuada não é preciso decorar, mas aprender de forma contextualizada e divertida. Para tanto nos propomos (eu e minhas colegas de curso, Daniele Carvalho, Fabiana Patury e Elinélia Oliveira) a desenvolver para os alunos do terceiro e quarto anos do Ensino Fundamental uma gincana de equipes, onde os alunos precisarão operar multiplicação juntamente com seu grupo desenvolvendo a coletividade, o raciocínio lógico e a cognição por meio do jogo. 

Série: 3º e 4º Ano 
Carga horária: 10 horas/aula ( 2 dias) 
Pré-requisito: Para realização destas atividades, os alunos deverão ter conhecimentos de:
  •  Operações de adição;
  • Noções básicas de multiplicação;
  • Raciocínio lógico-matemático.
Objetivos Específico:
  •  Estimular os alunos a usarem cálculos para solucionar problemas cotidianos.    
  • Realizar atividades lúdicas e diferenciadas, como o jogo de dominó, caça ao tesouro, entre outras. 
  •  Trabalhar questões do cotidiano dos alunos onde eles precisem usar a tabuada com o intuito de despertar neles a busca das respostas; 
  •   Incentivar o aluno a interpretar e resolver cálculos mentais de multiplicação.

            Metodologia
 
A oficina será realizada por meio de uma gincana matemática de grupos de 5 alunos cada.
1ª Atividade: Formação dos grupos
Dinâmica dos grupos. A professora deverá ir dando comandos de números, para que os alunos possam se agrupar em grupos conforme o numero de integrantes que a professora sugerir. Ex. "Grupos de 4", após a formação, se ficar alunos de fora vai se sentando nas cadeiras ja agrupadas anteriormente. A cada grupo formado, pelo menos 1 aluno irá ficar sozinho, dessa forma os alunos que forem sobrando vão se agrupando em grupos de 5 pessoas cada.

2ª Atividade: Jogo das argolas
Como pré-requisito para o trabalho com a multiplicação, realizaremos este jogo, cujo objetivo é identificar se os grupos estão aptos para a sequência de atividades propostas. Neste jogo, os jogadores irão treinar seus conhecimentos de adição. Para realização deste jogo, serão organizadas algumas garrafas PET com operações de adição, sem as resoluções. A dinâmica do jogo é: escolher um representante de cada grupo o qual deverá lançar a argola na garrafa e responder a operação manuseando material concreto para todos verem.

3ª Atividade: Jogo dos dados
Neste jogo, serão dispostos 2 dados gigantes, os quais serão lançados pelas orientadoras, o objetivo é que os grupos multipliquem as faces dos dados e a primeira equipe que estourar a bexiga, responderá a questão. Para este jogo, deverá ser escolhido um representante que realizará a prova.

4ª Atividade: Usando a tabuada no dia-a-dia [vale 50 pontos]
Esta prova será uma avaliação diagnostica para saber até onde os alunos tem conhecimento de multiplicação, que consiste em situações cotidianas onde os alunos precisem usar o raciocínio e a multiplicação para solucionar. A cada situação respondida corretamente, o grupo será marcado em um quadro de pontuação. (Autódromo)

5ª Atividade: Desafio legal [vale 50 pontos]
Jogo do dominó. O dominó deverá conter, ao invés de pontinhos operações que deverão ser completadas a cada peça colocada.  A equipe que finalizar o jogo de dominó com operações de multiplicação primeiro, vence a prova.

Modelo do dominó para imprimir


6ª Atividade: Tabuada é uma arte! [Vale 100 pontos]
Os alunos terão a missão de criar uma paródia e cantar juntos, em suas equipes, a musica que criaram da tabuada.

 
7ª Atividade: Caça ao tesouro [vale 100 pontos]
As pistas serão problemas matemáticos e a cada acerto encontrarão a próxima pista. No fim os alunos acharão um baú com medalhas para todos os que participaram da gincana.

QUIZ SOBRE EDUCAÇÃO INFANTIL










Teste os seus conhecimentos





Clique aqui para abrir a atividade em uma nova janela.

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Leia mais no portal MEC sobre a Educação Infantil no Brasil:

http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=247&Itemid=285

 

Não esqueça de escrever um comentário falando o que achou do Quiz. ;)



Palmadinhas, a favor ou contra?




Palmada não

 

 Matéria da Revista IstoÉ.

 Autora: Claudia Jordão.


Em 24 países, existem leis contra o tapa nas nádegas. No Brasil, bater em nome da disciplina divide opiniões


Fotos: Murillo Const Antino / Ag. Isto é
                                





CONSEQUÊNCIA

        Além de não educar, castigo físico causa insegurança
e baixa autoestima.


      Para uns, algo inconcebível na relação familiar, uma maneira arcaica de ensinar. Para outros, uma alternativa legítima dos pais, um método de educar os filhos, livre de danos físicos ou psicológicos. Poucos assuntos geram tanta controvérsia quanto dar ou não palmadas em crianças como forma de puni-las e mostrar o certo e o errado. Prova disso é um referendo nacional que ocorreu há duas semanas, na Nova Zelândia. Há dois anos, o país tornou a palmada crime. Além do tapa nas nádegas, outras formas de agressão - ditas brandas - contra crianças e adolescentes, como beliscões, chacoalhões e puxões de orelha, passaram a render ao agressor (em quase 90% dos casos, pais ou mães) o pagamento de multas, o encaminhamento a programas de reabilitação e até mesmo à prisão. A punição máxima é de seis meses de cadeia. Leis contra a palmada existem em 24 países (leia quadro), mas a da Nova Zelândia é a mais severa. O país possui um dos índices mais altos de violência contra menores entre as nações desenvolvidas.

    Os opositores da lei querem derrubá-la a qualquer custo e defendem que "bons pais", que espalmam seus filhos de vez em quando "por amor", não podem ser colocados no mesmo balaio daqueles que espancam. A indignação virou um abaixo-assinado contra a lei e resultou em um plebiscito com a seguinte pergunta: "A palmada como parte de uma punição apropriada por parte dos pais deve ser considerada crime na Nova Zelândia?" Metade da população participou e 87,6% votaram contra a lei. A última palavra é do primeiro-ministro. John Key, porém, já avisou: a legislação continuará em vigor. Mas, agora, haverá cuidado extra para que não haja punições injustas.

ALÉM DO TAPA Na tentativa de mostrar o que é certo, Valdirene Andreotti bate de cinto no filho desde que ele tem um ano
        No Brasil, o assunto também divide opiniões. O designer gráfico Flávio Evangelista, 39 anos, e sua mulher, a administradora Keila, 32, são contra qualquer tipo de agressão física. O casal é pai de Pietro, de 2 anos, e é conhecido na escola do menino pela facilidade em dialogar com ele. "Tive uma educação severa, mas só apanhei uma vez do meu pai", diz Evangelista. "Não desejo a nenhum ser humano o que senti." Há os que acreditam na eficácia das palmadas em determinadas situações.
O professor de filosofia Dante Donatelli, 45 anos, autor do livro "A Vida em Família - As Novas Formas de Tirania" e pai de cinco filhos, entre 10 e 25 anos, defende que, dos 3 aos 10, as crianças não são capazes de entender os argumentos paternos. "Qualquer pai que vê seu filho debruçado sobre a varanda não diz 'sai daí, meu lindo'", exemplifica. "Ele fica louco." Em casos como esse, Dante afirma que os pais devem deitar a criança sobre os joelhos e espalmar as nádegas. Para ele, só assim a criança entenderá a gravidade da situação. Dante, no entanto, diz que repudia qualquer outro tipo de agressão.

        Está aí, na linha tênue que divide a agressão branda da grave, a raiz do problema. "É ilusão achar que quem dá palmadas hoje não vai bater mais forte amanhã", diz o psicólogo Cristiano Longo, autor de uma tese de doutorado sobre violência doméstica contra menores pela Universidade de São Paulo (USP). A publicitária Valdirene Andreotti, 31 anos, é exemplo de quem acha palmada pouco. Mãe de Gabriel, de três anos e meio, ela relata que bateu em três ocasiões no filho e seu marido, em uma. Apenas uma vez deu palmada, nas outras duas agrediu com um cinto - na primeira vez, Gabriel tinha pouco mais de um ano. 

        Na ocasião, ela falava ao telefone, ele fazia birra, ela o repreendeu e ele urinou de propósito no sofá. "Foram cintadas que ele não esquece, nunca mais fez aquilo", conta ela, que mantém um cinto no carro para qualquer eventualidade. Na opinião da publicitária, as palmadas são ineficientes. "Elas deixam a criança sem-vergonha." Valdirene não tem a aprovação da sogra nem de seu pai na maneira de educar o menino. "Digo a eles que o filho é meu e que sei que, esgotado o diálogo, essa é a melhor maneira de ensiná-lo." Mas, mesmo convicta de suas posições, a publicitária chegou a chorar depois de bater em Gabriel.
Dar ou não palmadas? Nem todos estão certos sobre como agir. O assunto é discutido em consultórios e escolas, muitas das quais promovem palestras com especialistas sobre o tema. Há psicólogos que defendem a chinelada. Ela seria menos traumática do que a palmada, porque a criança não relacionaria a mão que a afaga com a que a agride. Mas a maioria condena qualquer forma de agressão.

        
        O psicólogo Cristiano Longo é um deles: "Explico que ela até pode surtir efeito imediato, porque a criança para de fazer aquilo na hora, mas não traz resultados duradouros." Segundo ele, a criança passa a agir conforme o esperado porque teme o agressor, não porque aprendeu a lição. E, com o tempo, tende a se "acostumar" aos tapas, o que pode minar ainda mais a intenção de disciplinar. Pesquisas têm demonstrado também que esse tipo de comportamento, além de não surtir efeitos disciplinares práticos, contribui para o distanciamento familiar, o medo, a insegurança e a baixa autoestima das crianças.

          
Fotos: Julia Moraes / Ag. Istoé; Divulgação
EXEMPLO Flávio e Keila evangelista são contra a agressão e nunca bateram em Pietro, de 2 anos
 
      Na opinião da psicopedagoga Quézia Bombonatto, os pais precisam aprender novas formas de lidar com os filhos. "Até a geração passada, bater em crianças era corriqueiro. Os pais de hoje aprenderam com seus próprios pais", diz ela. A educadora Cris Poli, a supernanny, do SBT, ensina às famílias o artifício do "cantinho da disciplina". Em momentos de birra, de dificuldade de diálogo e de nervosismo extremo, a saída é levar a criança para um local específico da casa para que ela reflita sobre o que fez de errado. "É comum pais defenderem as palmadas dizendo que apanharam quando criança e que são normais", diz Cris. "Isso é muito relativo." Pesquisas mostram que crianças que levam palmadas podem desenvolver personalidade sadomasoquista, além de outros danos. O principal trabalho a relacionar esses fatos é o "Relatório Hite sobre a Família:

 

        Crescendo sob o Domínio do Patriarcado", da sexóloga americana Shere Hite. Segundo o estudo, palmadas nas nádegas, chicotadas e surras são as origens de grande parte do sadomasoquismo na idade adulta.

     
Fotos: Julia Moraes / Ag. Istoé; Divulgação
ALTERNATIVA a supernanny cris Poli defende o "cantinho da disciplina", para a criança refletir

       A agressão contra menores é mais comum do que se pensa. Por se tratar de uma questão cultural e até religiosa - há católicos e evangélicos que se apoiam em passagens bíblicas para justificar as "palmadas educativas" -, mesmo pais esclarecidos não abrem mão do artifício. Nas classes média e alta é uma prática mais silenciosa do que na periferia, onde as famílias são maiores e os espaços, menores. A boa notícia é que ela é cada vez mais rejeitada. Hoje, não é raro pessoas intervirem quando testemunham agressões públicas. Essa importante mudança de comportamento do brasileiro começou no início da década de 1990, com a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que protege os menores dos maus-tratos e agressões.

       A lei é ampla, mas as palmadas podem ser enquadradas nela. A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) propôs, em 2003, um projeto de lei específico sobre o tema, proibindo as diferentes formas de castigo físico (leia quadro). "Nossa intenção não é punir os pais, é educá-los", diz ela. Como há três anos a proposta está parada na Câmara, a deputada trabalha, agora, em um novo projeto de lei no qual o foco não será o termo "palmada", mas "castigo físico". Assim, espera angariar mais simpatizantes para a causa.
Atualmente, além do ECA, cabe à Constituição e aos códigos Civil e Penal regulamentarem as relações familiares - nesse quesito entram os castigos físicos. Na prática, o pai que dá "palmadas educativas" pode ser chamado à Justiça para uma conversa com assistentes sociais e psicólogos. Quando a agressão é mais severa, ele pode perder a guarda da criança e responder criminalmente. A pena varia muito, mas, se for configurada tentativa de homicídio, ultrapassa 20 anos de prisão.
       A definição de branda, moderada e grave depende da interpretação do juiz. O desembargador Antônio Carlos Malheiros lamenta que grande parte das denúncias de agressão contra menores só aconteça quando os casos são muito graves. "Infelizmente, a maioria das histórias que chegam à Justiça é de espancamentos", diz ele. "Se casos de agressões ditas brandas fossem denunciadas, poderíamos evitar o pior."


Fonte:  http://www.terra.com.br/istoe-temp/edicoes/2077/imprime150491.htm.

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